"Batismo de Sangue"


O livro escrito pelo mineiro Frei Betto, conta a história de cinco frades dominicanos que viveram uma história de amor, fé, perseguições e torturas nos anos de ditadura militar. Não necessariamente nesta ordem.
Uma realidade não muito distante de meus 23 verões e infelizmente
presente no passado da vida de alguns que conheço. Me lembro de quando eu era bem novinha e meu pai contava como era a rotina nos anos de repressão...
Filmes baseados em fatos reais tem sempre uma mágica. Sobre a versão cinematográfica do livro ouve quem a considerasse sensacionalista, para mim foi convincente. Assim
como tudo que envolve a arte de contar histórias saber como a obra foi produzida nos faz enxergar um lado bem mais comovente do ocorrido. No site oficial do filme é possível ver o relato dos atores e como vivem hoje alguns dos personagens. Léo Quintão falando sobre a cena de tortura vivida na realidade por Frei Fernando é de arrepiar tanto quanto a cena em si. Pois é, além da supracitado mágica o filme causa um impacto emocional violento por seu recheio de torturas com requintes de crueldade que óbvio, não faltaram.


Na ocasião em que o assisti, ainda no cinema, havia uma moça que chorava tão desesperadamente que me fez acreditar que algum ente querido havia vivido uma história triste na "década do pau de arara" e talvez até mesmo tivesse seu nome e relato nas páginas de algum livro como o "Brasil Nunca Mais" de Paulo Evaristo Arns.

Enquanto os frades e companhia lutavam por um mundo melhor, mais justo, defendendo o direito de expressão o povo brasileiro, hoje não muito diferente, se preocupava com os gols de Pelé e enxergavam nos revolucionários seres rebeldes, sequestradores. É claro, não é de hoje que a imprensa manda na medíocre opinião pública.

Me pergunto qual são os nossos ideais, em que minha geração vai contribuir pela história e talvez num futuro progresso, diferente do estampado na bandeira. Penso o quanto seria menos doloroso para os prisioneiros de Freury se eles mesmos tirassem suas vidas. Havia dificuldade até mesmo nisso. Muitos morreram nas improvisadas salas de torturas levando para o túmulo o nome de seus companheiros idealistas. E hoje curtimos essa falsa liberdade, porém liberta, mas burra como se estivéssemos de mãos atadas para agir quanto as injustiças sociais, crimes impunes, falsa ordem e progresso, violação de direitos humanos (para quem é realmente humano), enfim, cusparadas descaradas nas leis e na bandeira que vivenciamos todos os dias. Talvez realmente estejamos de mãos e pés atados.

Viva a queda da ditadura! Viva a liberdade de expressão! Viva o grito inútil e o blog!

Ah, já adianto que Frei Tito, personagem de Caio Blat, morre no final do filme.

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